
Autoridades tiveram que conter manifestações no centro da capital Nova Délhi, antes do Natal.
Mundo - As forças armadas da Índia cancelaram as festas de réveillon desta segunda-feira, refletindo o clima sombrio que tomou conta do país após o estupro e o assassinato de uma estudante de medicina, o que provocou uma enorme onda de protestos pelo país.
Além de manifestações, o ataque gerou um debate nacional que revelou profundas fissuras na sociedade indiana, na qual o ponto de vista extremamente patriarcal sobre as mulheres se choca contra a crescente modernização cultural urbana.
Autoridades tiveram que conter manifestações no centro da capital Nova Délhi, antes do Natal, mas centenas de pessoas se reuniram para vigílias nesta segunda-feira, e mais eventos estão planejados em toda a cidade.
O exército, a marinha e a força aérea foram obrigados a cancelar todas as festas, segundo um porta-voz do Ministério da Defesa.
“Não haverá comemoração do Ano Novo.
Haverá um tributo, à luz de velas, às 18h. Depois disso, o clube será fechado”, disse Rajiv Hora, secretário do Clube de Golfe Delhi, no centro da capital.
O Clube de Imprensa da Índia e o atual partido governante, o Partido do Congresso, também cancelaram as festas, assim como fez o clube Gymkhana, uma organização privada conhecida por suas luxosas celebrações de fim de ano.
O ataque de 16 de dezembro jogou luz sobre uma epidemia de violência contra as mulheres na Índia, onde é relatado um estupro, em média, a cada 20 minutos.
“Estamos extremamente preocupados com o número de casos de estupro em toda a Índia e o padrão generalizado de violência contra as mulheres”, disse Lise Grande, Coordenador Residente da ONU na Índia. “É alarmante que muitos desses casos sejam crianças. Uma em cada três vítimas de estupro é uma criança”, acrescentou.
Os protestos contra o ataque pegaram as autoridades de surpresa e obrigaram o governo a prometer novas leis mais rigorosas e medidas rápidas para punir agressores e proteger as mulheres. O governo criou dois painéis, dirigidos por juízes aposentados, com o objetivo de propor medidas para garantir a segurança das mulheres.
“No Ano Novo, deve haver uma revisão de todas as leis relacionadas a crimes contra as mulheres”, disse Sushma Swaraj, líder do partido Bharatiya Janata (BJP), a um grupo de apoiadores que se reuniu em Nova Délhi para prestar solidariedade à vítima. “Nós pedimos ao governo para convocar uma sessão especial do Parlamento, onde poderemos discutir a questão”, acrescentou Swaraj.
Um alto membro do Partido do Congresso disse que o governo e os principais partidos de oposição concordaram que há uma necessidade de punições mais severas para criminosos sexuais. De acordo com a fonte, que pediu para não ser identificada, o partido governante também discute a opção de incluir a castração química como pena na legislação futura.
A polícia prendeu cinco homens e um adolescente ligados ao crime, e é provável que os suspeitos sejam indiciados por homicídio ainda esta semana. Os promotores devem pedir a sentença de morte para os adultos.
A Índia só executa criminosos em casos extremos, como o de Kasab Ajmal, único atirador a sobreviver a um massacre, em 2008, em Mumbai. Ele foi enforcado em novembro.
Fonte: O Globo
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